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O Outro Lado da Notícia

O Ministério da Educação foi alvo de informações equivocadas publicadas na revista Veja (edição 1.825, de 22 de outubro de 2003), em matérias assinadas pela repórter Monica Weinberg. E-mail esclarecendo os erros foi enviado na mesma semana ao jornalista Alexandre Secco, editor de Brasil da revista. No entanto, na última edição de Veja, o assunto foi esquecido e nenhuma linha apareceu na seção Cartas.
Os equívocos começam na reportagem Vem aí mais um nome, cujo texto afirma que “no Ministério da Educação, o ministro Cristovam Buarque anunciou o ‘extermínio do Provão’, que será substituído por outro teste de avaliação, com o ‘pomposo e ridículo’ nome de Paideia”.
Na mesma edição da revista, uma outra matéria afirma que o Provão é uma “ferramenta mágica” (ver página 79). Sem adentrar o campo do esoterismo, é importante lembrar que pedagogos, acadêmicos, estudantes e especialistas em avaliação acreditam que é necessário aperfeiçoar o Exame Nacional de Cursos, nome oficial do Provão. Para isso, o MEC abriu um amplo debate público sobre o tema.
Independente das diferentes opiniões que se tenha a respeito da proposta em discussão, e que ainda não tem um parecer conclusivo do ministro Cristovam Buarque, a matéria tenta desqualificar o trabalho do MEC de forma reducionista. Não é preciso dizer que não se trata do extermínio de uma avaliação; porém o mais grave é julgar uma proposta que reuniu dezenas dos principais especialistas na área de avaliação do País ridicularizando seu nome, que foi sugerido por uma comissão. Mais adiante, a partir da argumentação de que o Estado brasileiro tem por hábito matar iniciativas de governos antecessores, independentemente dos resultados, a repórter cita o programa Brasil Alfabetizado. Novamente, leva o leitor a associar o programa deste ministério a uma prática, de fato, nefasta. O que é de se estranhar é que a matéria coloca tudo na mesma vala comum, desconsiderando aspectos históricos e de métodos.
O programa Brasil Alfabetizado é fruto de uma mobilização sem precedentes da sociedade civil, e não se trata de uma ação de governo isolada. Trabalha com centenas de parcerias e, do ponto de vista metodológico, procura compatibilizar diversas correntes de pensamento pedagógico que têm êxito na tarefa de alfabetizar jovens e adultos. Em outras palavras, não é excludente e tampouco destrói iniciativas passadas.
Em relação à gestão anterior, não existia no Ministério da Educação um programa de alfabetização. O que havia, e ainda existe, é uma ONG criada sob a inspiração da ex-primeira-dama dona Ruth Cardoso para combater o analfabetismo. A Alfabetização Solidária continua operando, inclusive conveniada com o programa Brasil Alfabetizado do Governo Federal, criado na atual administração.
A matéria em foco traz, ainda, uma foto do ministro da Educação com a seguinte legenda: “O ministro Cristovam Buarque: mudando o que já deu certo”. Analisando o texto, duas dúvidas surgem. O que o ministro estaria mudando? Seria o Provão, citado no primeiro parágrafo da matéria? Não deve ser, já que o texto específico não faz qualquer referência a que o exame “deu certo”. A outra dúvida está no terceiro parágrafo. Diz que o ministro inventou um oitavo programa de alfabetização. Mais uma vez, não ficou claro “o que já deu certo”. Afinal, como afirma a própria autora do texto, “o Brasil ainda possui uma taxa de analfabetismo vergonhosa”. O ministro Cristovam Buarque concorda com isso, daí a criação da Secretaria Extraordinária Nacional de Erradicação do Analfabetismo, com a ambiciosa meta de acabar com essa chaga no País em quatro anos.

Leia na íntegra o e-mail enviado à revista Veja

Brasília, 20 de outubro de 2003

Senhor Alexandre Secco
Editor de Brasil da Revista Veja


A matéria Vem aí mais um nome, publicada na edição 1.825, Ano 36, de 22 de outubro de 2003, assinada por Monica Weinberg, traz uma foto do ministro da Educação com a seguinte legenda: “O ministro Cristovam Buarque: mudando o que já deu certo”.
Analisando o texto, duas dúvidas surgiram. O que o ministro estaria mudando? Seria o Provão citado no primeiro parágrafo da matéria? Não. Não deve ser, já que o texto específico não faz qualquer referência de que o exame "deu certo".
A outra está no terceiro parágrafo. Diz que o ministro inventou um oitavo programa de alfabetização. Mais uma vez não ficou claro "o que já deu certo".  Afinal, como afirma a própria autora do texto, “o Brasil ainda possui uma taxa de analfabetismo vergonhosa”. O ministro Cristovam Buarque concorda com isso, daí a criação da Secretaria Extraordinária de Erradicação do Analfabetismo, com a ambiciosa meta de acabar com essa chaga no País em quatro anos.
Bom, creio que cabe a mim, assessor de imprensa do ministro, tentar fazer alguns esclarecimentos.
Não existia na gestão anterior no Ministério da Educação um programa de alfabetização. O que havia e, ainda existe, é uma ONG criada sob a inspiração da ex-primeira dama dona Ruth Cardoso para combater o analfabetismo. A Alfabetização Solidária continua operando, inclusive conveniada com o programa Brasil Alfabetizado do Governo Federal, criado na atual administração.
Com relação ao alegado “extermínio do Provão”, não há muito a dizer. Pedagogos, acadêmicos, estudantes e especialistas em avaliação acreditam que é necessário aperfeiçoar o Exame Nacional de Cursos, nome oficial do Provão. Para isso, o MEC abriu um amplo debate público sobre o tema e, nos próximos dias, deverá apresentar a proposta que altera o atual método.
O novo sistema será divulgado para a sociedade com a ajuda de todos os meios de comunicação e não apenas por um determinado órgão de imprensa, ou exclusivamente para uma jornalista.
Agora, visto que a autora da matéria considera o Provão uma “Ferramenta Mágica” (ver matéria na página 79 da mesma edição), não há como contestar uma opinião pessoal.
Atenciosamente,

Luís Jorge Natal
Coordenador de Comunicação Social

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